quarta-feira, 15 de julho de 2009

Verbo



Se tal desamor
(embotado na vida)
fosse apenas trágico, e não perene...

Se tal sorriso, fosse apenas presente
e não indiferente...

Assim?
Se o assim só cria
desalento, distância...
um lamento.

Lança-se um ou outro beijo
da verdade ao vento
Não se escrevem cartas,
poemas nem diário:
É muda, sem moldura

Em seu passo leve e bailarino
Todo dia é um novo deserto,
como sombra volátil do passado

Assim o tempo passa
Passa, mas nele não moramos;
Se torna tênue a linha entre os
olhares arrebanhados e o rosto sério,
sem o corpo que lhe basta.

Esse desejo que ecoa no tempo
não é mais sincero, não é mais justificado
É coisa pouca
É coisa talhada,
porque é coisa só-grudada

E o pouco ânimo forçado,
sem motivo, se arrasta
e pouco, agora, devasta a alma...
e fica acetinado, grato.

Essa gente : Teme a si mesmo
Como a um furacão,
tão insegura ..

Em presente, do olhar, pouco
tem escapado
Os lábios sérios pincelam olheiras,
cinzelam rugas nas pálpebras..

E o vento assopra
Forte , sim ...
mas inconstante
contando histórias pra esse cais
fechado...

Mas o vento, o sonho,
o seio farto desbordando
um continente, ainda tocam suas
velas...

(E tentam todos sempre enxergar,
em cada sorriso teu, o despontar de uma primavera)

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