quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Sobre um alheio hiato



Os olhares de névoa
anunciavam o medo maior...
que vinha acompanhado
(oferecido)
por teus gestos de prata
e olhares de escarlata
que naquele dia
a tudo alvoreciam, amarguravam...

Doíam.

Há quem diga que
o que ontem jurava,
hoje já não jura
Morreu de tanto desejo,
Com um espinho atravessado de amargura.

Vim mostrar-te o teto do mundo,
mas tu estás de olhos fechados
para minha presença inexata
- buscando sempre o desejo mais profundo.
(Tornou-se o medo o disfarce de tudo ?)

Até aqui, ouço o choro da ave e
sussurro alvoradas no teu ouvido,
como quem perto chegasse...
Porém tu eras breve,
e a morte é uma águia
cujo grito ninguém descreve.

Palavras de seda,
onde desabrochou
à flor seu botão,
se desfez, tornando
póstuma a canção
(que entre falsos sorrisos mora
e no seu mar de lágrimas desancora)

O suspiro agora é último e breve,
anteposto ao vôo da felicidade
que no ar o futuro escreve:

Serás toda silêncio esquecido,
marca de uma vida sem rastro.
Pálpebras pétreas, morte larga.

A vida encontra agora seu mais longo hiato.


(Por Guilherme R.)

Elegia





Amor devasta
Coração desgraça
E amando sem paixão
acabou-se em solidão.


Quem sabe amor aflora
A qualquer hora
Num canteiro sem
perdão, de um coração ?


Ou não.


Falso amor destrói
Mata
Roe
Remoe


Coração agora é
Pedra já sem tamanha 
leveza.


Não morre de frio.
Nem de tristeza.


(Por Guilherme R.)