Muitas que visitaram aquela terra
contemplaram o fluido aroma,
contemplaram o fluido aroma,
a despojada presença
e o vulto – alheio a alma.
Antes daquela tristeza
tudo fora inútil:
Os olhos, os frutos
as palpebras cinzas
- mais que ausentes-
findas.
E ao fim de tudo, te criastes
áspero como sal e areia
vestido na luz que queima
branca e seca
Revelando o coração
com olhos nevoentos
e mostrando a dor calada
de onde surgem as raizes escuras
(E não importa onde elas tocassem,
minhas mãos e a terra secariam bruscamente em fúria).
Hoje vejo nascer uma montanha
da terra que se acumula em meu leito
e disso não podemos correr,
pois a morte já nos diz respeito.
Ao fim um jardineiro há de cuidar
da mórbida simetria do espaço de
terra ao qual pertenço;
que está mais que seco, calcinado.
Deixo em vida as imagens do que amei:
teu crepúsculo que galga o grande mar de luz,
teu rosto petrificado no pálido sorriso,
o infinito que pende invisível no amor por ti
e o sossego do céu, que chove verdades resumidas.
Mais que oportuno,
um jardim de lírios disfarça meu corpo,
que, agora, torna-se alheio à vida.
(Por Guilherme R.)